O gafanhoto e a formiga



Versão Clássica 

          Era uma vez uma formiga que trabalhava duro, de sol a sol, construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava. 
          O gafanhoto viu aquilo e pensou: 
          - Que idiota! 
          E passava o tempo todo dando gargalhadas, cantando e dançando. Assim passou todo verão; ao chegar o inverno, enquanto a formiga estava aquecida e bem alimentada, o gafanhoto não tinha abrigo nem comida; morreu de fome.

Moral da história: Trabalhe duro! Seja previdente e responsável.

Versão Brasileira 

          Era uma vez uma formiga que trabalhava duro no sol escaldante de verão, construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava. 
          O gafanhoto pensou: 
          - Que idiota! 
          E passou o verão dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca. 
          Ao chegar o inverno, o gafanhoto, tremendo de frio, armou uma barraca de lona na entrada da toca da formiga e convocou toda a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações: 
          Por que é permitido à formiga, uma toca aquecida e boa alimentação, enquanto os gafanhotos estão expostos ao frio e morrendo de fome? 
          Todos os órgãos de imprensa compareceram à entrevista (SBT, BAND, ZERO HORA, JORNAL DO BRASIL, ESTADÃO. REDE GLOBO, CNM e outros); tiraram muitas fotos do gafanhoto trêmulo de frio e com sinais de desnutrião. 
          As imagens dramáticas na televisão mostraram um gafanhoto em deplorável condição, sentado num banquinho debaixo de uma barraca de plástico preto e mais adiante mostraram a formiga em sua toca confortável, com uma mesa farta e variada. 
          O programa do Datena apresentou um quadro de 15 minutos, mostrando o gafanhoto cambaleante. 
          O povo brasileiro fica perplexo e chocado com o contraste. 
          A BBC de Londres manda ao Brasil uma equipe para fazer uma reportagem especial a ser distribuída em rede para toda a Europa. 
          A CBS nos EEUU interrompe uma entrevista coletiva sobre a guerra no Iraque, antes da entrega do Oscar, para mostrar como anda a cidadania dos gafanhotos brasileiros. 
          A notícia recebe apoio imediato de José Dirceu, com a ressalva de que os recursos devem ser dirigidos ao programa Fome Zero do governo Lula, e cogita uma Emenda Constitucional que aumente os impostos para as formigas e ainda obriga as comunidades a promover a integração social dos gafanhotos. 
          A formiga, multada por supostamente não entregar sua quota de folhas verdes ao Ministério das Folhas e não tendo como pagar todos os impostos e contribuições que foram apurados retroativamente, pede falência. 
          A Câmara Federal instala uma comissão de inquérito para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas. O Ministério das Folhas nomeia uma comissão de auditores fiscais suspeitando de que as formigas tenham desviado recursos do FF5 (folhas fresca nº 5 de Banco Central) e suspeitas de lavar folhas. 
          O gafanhoto decide invadir a toca da formiga e lá acampa. 
     A formiga pede ajuda da polícia e esta informa que não dispões de efetivo para atender ocorrências desta natureza e que também  por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confronto com os SEM TOCAS. A formiga entra na justiça para obter a reintegração da toca, mas é negado, o juiz invocou um novo ramo do direito, "O ECONÔMICO" e sentencia que a formiga não provou a produtividade da Toca. 
          O Ministério da Reforma Agrária desapropria a Toca da Formiga, por não cumprir sua função social e a entrega ao friorento e desnutrido gafanhoto. 
          O Ministério da Justiça examinando folhas do Jornal Última Hora, descobriu que o gafanhoto foi preso no passado, por promover algumas greves, assaltos e seqüestros (crimes políticos), e conseguiu sua inclusão no grupo dos perseguidos políticos com direito à indenização federal e pensão vitalícia, e imediatamente encaminhou o caso para o escritório do brilhante deputado Greenhalgh, em São Paulo, para entrar com um pedido de indenização milionária (claro que ele ficará com 40%, mas isso já outra história) que o Estado Brasileiro (leia-se contribuintes) deverão pagar!

Moral da História: Reflita...

Autor desconhecido. Crônica de 2006 e continua super atual.

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